Lisboa é frequentemente chamada de “Cidade das Sete Colinas”. Presentes nos contos, poemas e canções que enaltecem Lisboa, as colinas são mais do que simples elevações. Passear pelas colinas é uma maneira fascinante de explorar a essência lisboeta. Seus miradouros oferecem vistas incríveis do rio Tejo e da cidade, além de abrigar uma rica coleção de pontos históricos. Entre mosteiros, igrejas e monumentos, cada colina revela um pouco mais da história e do charme que tornam Lisboa tão especial.

A designição “cidade das Sete Colinas”, impregnada de história e simbolismo, remonta ao período romano. Assim como Roma, famosa por suas sete colinas, os romanos que ocuparam a região identificaram e associaram essa característica geográfica a Lisboa, criando uma conexão simbólica entre as duas cidades.

As Sete Colinas de Lisboa: História, Simbolismo e Identidade
Colina de São Jorge, que abrange parte do bairro de Alfama, com o castelo de São Jorge no topo – Foto: Pixabay

O Elo com Roma

Durante o domínio romano, Lisboa era chamada de Felicitas Julia Olisipo. Suas colinas tinham um significado especial, já que, no urbanismo romano, elas eram frequentemente associadas à proteção estratégica e à organização política e religiosa. As colinas proporcionavam uma vantagem defensiva natural e serviam como locais ideais para a construção de templos, vilas e fortificações. No caso de Lisboa, o relevo era valorizado também pela visibilidade, pois as colinas permitiam vistas amplas do território e do rio Tejo, essencial para o comércio e a navegação.

Mas o que exatamente são as sete colinas de Lisboa? Qual é o seu papel na identidade da cidade e como elas se conectam à história e à geografia da capital portuguesa?

Frei Nicolau de Oliveira e a Consolidação as “Sete Colinas”

Foi no século XVII que a ideia das sete colinas ganhou forma definitiva, graças ao trabalho de Frei Nicolau de Oliveira. Em seu livro “Livro das Grandezas de Lisboa”, publicado em 1620, o autor descreveu a cidade e suas características únicas, destacando as sete colinas como um elemento essencial de sua identidade. Influenciado pelo simbolismo bíblico e romano, Frei Nicolau identificou as colinas que compõem a lista tradicional: Castelo, São Vicente, Sant’Ana, Santo André, Chagas, Santa Catarina e Estrela.

As Sete Colinas de Lisboa

1. Colina de São Roque

A Colina de São Roque abrange parte do Bairro Alto e do Príncipe Real. É considerada uma das mais altas de Lisboa. É nela que se encontra o famoso Miradouro de São Pedro de Alcântara, conhecido por suas vistas panorâmicas de diversos pontos da cidade. Do alto, é possível admirar o casario típico de Lisboa, os telhados alaranjados e monumentos icônicos como o Castelo de São Jorge, a Sé de Lisboa e o rio Tejo ao fundo. Durante o pôr do sol, o local torna-se ainda mais encantador.

O miradouro, criado no século XIX como um jardim em estilo clássico, oferece um refúgio tranquilo em meio à agitação do Bairro Alto. A área é cercada por bares, cafés e restaurantes, permitindo que os visitantes prolonguem a experiência com uma refeição ou bebida enquanto apreciam a atmosfera única do local.

Na Colina de São Roque merece destaque também a Igreja de São Roque, construída no século XVI, é um dos marcos históricos mais importantes da cidade, famosa por seu interior ricamente decorado e pela Capela de São João Batista, considerada uma das capelas mais caras e requintadas já construídas. Adjacente à Igreja está o Museu de São Roque, um espaço cultural instalado em parte do antigo edifício da Casa Professa da Companhia de Jesus. O museu foi inaugurado em 1905 e abriga um riquíssimo acervo de arte sacra e objetos litúrgicos, muitos dos quais pertenciam aos jesuítas que ocuparam o local até a sua expulsão de Portugal no século XVIII.

2. Colina de São Jorge: O Berço de Lisboa

A Colina de São Jorge é talvez a mais importante de Lisboa, conhecida por abrigar o majestoso Castelo de São Jorge, um dos monumentos mais visitados da cidade. Esta colina é considerada o berço de Lisboa, já que, segundo a história e a lenda, foi aqui que se formou o primeiro povoado que deu origem à capital portuguesa. Sua localização estratégica, com vistas amplas sobre o rio Tejo e os arredores, foi determinante para sua ocupação desde os tempos mais remotos.

Além do Castelo, que remonta ao período medieval e é um marco da presença muçulmana na região, a colina também é lar de parte do bairro de Alfama, famoso por suas ruas estreitas, azulejos tradicionais e o fado. Entre seus pontos de destaque, estão os miradouros que oferecem vistas espetaculares da Baixa Pombalina, da Sé de Lisboa e do rio Tejo, sendo lugares perfeitos para contemplar a cidade.

Merecem destaque o Miradouro de Santa Luzia e o Miradouro das Portas do Sol, situados lado a lado. O Miradouro de Santa Luzia é conhecido por seu encantador jardim com pérgulas cobertas de buganvílias, fontes e painéis de azulejos que retratam momentos históricos de Lisboa, como a conquista do Castelo de São Jorge. Este espaço é ideal para relaxar e contemplar a paisagem, com uma visão panorâmica sobre Alfama, destacando os telhados típicos do casario, a Sé de Lisboa e o rio Tejo ao fundo. Já o Miradouro das Portas do Sol oferece uma vista igualmente impressionante e uma atmosfera vibrante, sendo cercado por cafés e restaurantes com esplanadas. Ambos os miradouros proporcionam a oportunidade de apreciar a vista mágica sobre a colina enquanto desfruta de um café, um vinho ou uma cervejinha.

Colina de São Jorge

3. Colina de São Vicente

A Colina de São Vicente também abranger parte do bairro de Alfama. Ela é famosa por abrigar o Convento de São Veicente de Fora. Este convento, fundado no século XVI, é um exemplo da arquitetura maneirista em Portugal e guarda um riquíssimo acervo de azulejos, além do Panteão da Casa de Bragança, onde estão enterrados vários reis portugueses. No Campo de Santa Clara, ao pé da colina, acontece a Feira da Ladra, um mercado de antiguidades e curiosidades que atrai moradores e turistas em busca de achados únicos.

4. Colina de Santo André

A Colina de Santo André está localizada na zona da Graça e da Mouraria. Conhecida por seus miradouros e pela atmosfera tranquila, esta colina é um destino ideal para quem deseja explorar a cidade longe do ritmo acelerado das áreas mais turísticas, mas ainda imerso na sua rica história e cultura. Entre os destaques da colina está o Miradouro da Senhora do Monte, considerado um dos pontos mais altos e românticos de Lisboa. De lá, é possível contemplar vistas que incluem o Castelo de São Jorge, a Baixa Pombalina, o rio Tejo e até mesmo a Ponte 25 de Abril. Próximo dali, o Miradouro da Graça oferece um ambiente igualmente encantador, com esplanadas e cafés perfeitos para relaxar enquanto aprecia o cenário.

A colina também abriga igrejas históricas, como a Igreja da Graça, um exemplo de arquitetura barroca que é um marco na área. Suas ruas são adornadas por casas típicas, escadarias e pequenos becos que convidam a passeios tranquilos e repletos de descobertas.

5. Colina de Santa Catarina

Esta colina vai desde o Largo de Camões e a Calçada do Combro e pertence ao bairro de Misericórdia. A Colina de Santa Catarina abriga o Miradouro de Santa Catarina, mais conhecido como “Adamastor”. Este é um local preferido dos lisboetas para relaxar e assistir ao pôr do sol, com vistas privilegiadas do Tejo. No local, a estátua do Adamastor, — figura mitológica da literatura portuguesa — presta homenagem ao espírito aventureiro dos navegadores lusitanos.

A Colina de Santa Catarina também abriga ruas pitorescas, repletas de casas tradicionais, cafés e pequenos bares que criam um ambiente acolhedor. A proximidade com o Bairro Alto e o Chiado torna a região um ponto estratégico para explorar outras áreas da cidade.

6. Colina de Chagas

A Colina de Chagas, próxima ao Largo do Carmo, é lar de importantes pontos turísticos, como o Convento do Carmo e o Elevador de Santa Justa, marcos que oferecem uma conexão visual e histórica com outros pontos da cidade. Este conjunto monumental é um testemunho da resiliência de Lisboa, especialmente após o terramoto de 1755. Além de seu valor histórico, a Colina de Chagas é conhecida por suas ruas pitorescas, como a Rua das Chagas, e sua proximidade com o Rossio e o Chiado.

7. Colina de Sant’Ana

A Colina de Sant’Ana está localizada na área central da cidade, abrangendo partes da freguesia de Arroios e próxima aos bairros dos Anjos e Pena. Menos explorada por turistas em comparação com outras colinas, ela guarda um charme discreto e uma rica história associada à saúde e à religião. Historicamente, a colina foi um importante centro de cuidados médicos em Lisboa. Após o terramoto de 1755, diversos hospitais foram instalados na região, incluindo o Hospital de São José, que ainda opera hoje. Além disso, era um local de grande devoção religiosa, abrigando igrejas e conventos, como a Igreja de Nossa Senhora da Pena, que remonta ao século XVI. A Colina de Sant’Ana é conhecida por suas ruas estreitas e ladeiras tranquilas, como as Escadinhas do Torel, e pelo Miradouro do Torel, um espaço verde pouco conhecido com vistas para a cidade.

O Significado das Sete Colinas Hoje

Embora a ideia das sete colinas seja mais simbólica do que geograficamente precisa — já que Lisboa tem mais elevações do que as mencionadas — ela continua a ser uma parte importante da identidade cultural da cidade. As colinas representam não apenas o relevo único de Lisboa, mas também sua história, espiritualidade e resiliência. Elas moldaram o urbanismo da cidade e contribuíram para a distribuição de seus diferentes bairros.

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