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Na tarde de 3 de setembro de 2025, o Elevador da Glória, um dos cartões-postais mais visitados de Lisboa, sofreu um descarrilamento no percurso de descida, resultando em 17 mortos e dezenas de feridos. O acidente trágico interrompeu bruscamente a rotina de um dos símbolos mais reconhecidos da capital portuguesa e mergulhou o país em luto nacional. O funicular, que liga a Praça dos Restauradores ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, é utilizado por milhões de pessoas todos os anos e sempre foi visto como parte da identidade cultural da cidade.

O episódio, além de chocar moradores e turistas, trouxe novamente os olhares para a relevância histórica desse ícone lisboeta e levantou questões sobre o futuro de sua operação.

Acidente com descarrilamento do Elevador da Glória em Lisboa

Como foi o acidente

Na tarde de 3 de setembro de 2025, por volta das 17h, um dos bondes do Elevador da Glória descarrilou no trecho de descida da Calçada da Glória. O veículo perdeu o controle pouco depois de deixar o Miradouro de São Pedro de Alcântara e, sem conseguir frear, acabou colidindo violentamente contra um prédio no final da linha. Segundo as primeiras informações das autoridades, o acidente foi provocado pela ruptura de um dos cabos de tração. Sem o sistema de sustentação e travagem, o bonde ganhou velocidade no ponto mais íngreme do percurso até sair dos trilhos.

O impacto deixou um saldo trágico de 17 mortos e dezenas de feridos, entre eles turistas estrangeiros e moradores locais. Equipes de emergência chegaram rapidamente ao local, mas a força da colisão transformou o cenário em uma das maiores tragédias recentes do transporte público português. Diante da gravidade do ocorrido, o governo decretou luto nacional, enquanto a Companhia Carris suspendeu imediatamente a operação do elevador e iniciou, junto às autoridades, uma investigação para apurar as causas do descarrilamento e garantir a segurança do sistema.

Patrimônio e simbolismo do Elevador da Glória

Mais do que um simples meio de transporte, o Elevador da Glória é um verdadeiro patrimônio da cidade de Lisboa. Inaugurado em 1885, o funicular carrega mais de um século de história e faz parte da memória afetiva de moradores e turistas. Ele conecta a Praça dos Restauradores à parte alta da cidade em um trajeto de pouco mais de 260 metros.

Em 2023, a Carris, empresa que administra o elevador, comemorou os 138 anos de funcionamento do transporte, reforçando sua importância na história da cidade e sua ligação afetiva com moradores e visitantes.

O percurso até o Miradouro de São Pedro de Alcântara tornou-se um dos mais tradicionais e charmosos da capital portuguesa, permitindo não apenas a locomoção em um terreno de forte inclinação, mas também oferecendo uma experiência cultural carregada de simbolismos. O passeio, com vistas privilegiadas para o Castelo de São Jorge, tornou-se quase um ritual para quem visita Lisboa, consolidando o Elevador da Glória como um dos cartões-postais mais reconhecidos da cidade.

Por sua relevância, o elevador é classificado como Monumento Nacional desde 2002, reforçando sua importância não apenas como transporte urbano, mas também como símbolo da identidade lisboeta.

Inspeção horas antes da tragédia

Em matéria divulgada pela SIC, foi revelado que o Elevador da Glória passou por uma inspeção na própria manhã do acidente, no dia 3 de setembro de 2025. O procedimento, realizado entre as 09h13 e 09h46, incluiu uma verificação visual dos principais componentes do sistema, como cabos, trilhos e cabine. Todos os itens inspecionados receberam parecer positivo dos técnicos responsáveis.

O relatório também apontava que ainda faltavam 263 dias para a substituição programada do cabo que conecta os dois ascensores — o mesmo que acabou por romper horas mais tarde, provocando o descarrilamento. A troca desse componente, segundo a documentação, deve ocorrer a cada 600 dias.

Apesar da conclusão de que o ascensor tinha condições para operar, a tragédia aconteceu poucas horas depois da vistoria. Agora, as autoridades buscam entender o que falhou nesse processo, enquanto o país cumpre luto nacional decretado pelo Governo e três dias de luto municipal definidos pela Câmara de Lisboa.

Outros elevadores em Lisboa

Lisboa mantém outros elevadores semelhantes, como o do Lavra e o da Bica, além do Elevador de Santa Justa, que conecta a Baixa ao Chiado. Juntos, eles formam parte de um conjunto único de transportes históricos que, mais do que meios de locomoção, ajudam a contar a história da capital portuguesa e a projetar sua imagem pelo mundo.