Quando se fala em James Bond, é quase automático pensar em glamour, casinos, carros de luxo, intrigas internacionais e, claro, ação sem limites. Criado em 1953 por Ian Fleming, o agente secreto mais famoso do mundo nasceu no papel com o livro Casino Royale e rapidamente se transformou num ícone global, com uma das sagas cinematográficas mais duradouras da cultura pop.
O que muitos fãs não sabem é que o personagem James Bond tem origem em Portugal. Mais especificamente no Estoril, durante os anos conturbados da Segunda Guerra Mundial, quando a Linha de Cascais e Lisboa eram palco de espionagem internacional.

Ian Fleming em Portugal: o berço de uma ideia
Antes de se tornar escritor, Ian Fleming foi oficial da Marinha Britânica. Durante a Segunda Guerra Mundial, passou longas temporadas em Portugal, hospedado no luxuoso Palácio Estoril Hotel, bem próximo do famoso Casino Estoril.
Naquele período, Portugal mantinha neutralidade, o que atraía espiões de vários países: britânicos, nazis, americanos e outros circulavam pela região, disfarçados entre aristocratas e milionários europeus que buscavam refúgio. Fleming observava esse ambiente privilegiado — e foi ali que muitos acreditam que germinou a inspiração para o universo de 007, como defende um documentário da BBC e vários autores especialistas no assunto.
Dusko Popov: o verdadeiro James Bond?
Entre os personagens reais que Fleming conheceu, um se destaca: o agente sérvio Dusko Popov. Mulherengo, exibicionista e com gosto por luxo, Popov trabalhava como agente duplo, infiltrado junto dos nazis mas colaborando com os britânicos e até com os americanos.
Ele circulava no Estoril exatamente com a mesma sofisticação e ousadia que hoje associamos a Bond. Gostava de dar nas vistas em mesas de jogo e rodeava-se de mulheres e extravagâncias. Muitos acreditam que Popov foi o molde da personagem de 007 — algo que ele próprio afirmou em sua autobiografia, escrita após a morte de Fleming.

O Estoril como inspiração para Casino Royale
Não é coincidência que o primeiro livro da saga tenha como título Casino Royale. O Casino Estoril, palco de encontros de espiões e aristocratas, teria servido de cenário imaginário para a obra de Fleming. A elegância, o risco, a tensão entre jogo e espionagem: tudo isso estava ali, a poucos metros de onde o escritor se hospedava.
A ligação entre Bond e Estoril foi reforçada anos mais tarde no cinema. Em 1969, parte do filme 007: Ao Serviço de Sua Majestade foi gravado em Portugal, incluindo cenas no próprio Palácio Estoril Hotel, na Praia do Guincho, na Arrábida e até no centro de Lisboa. Até hoje, o hotel mantém viva essa memória com a icónica suite James Bond.
Portugal no mapa da saga
Mesmo que os filmes mais recentes tenham levado Bond para outros destinos cinematográficos — como Jamaica, Itália e Noruega —, a Riviera Portuguesa continua ligada ao imaginário do espião mais famoso do mundo. O Estoril não é apenas uma nota de rodapé, mas um dos berços criativos de uma das maiores sagas de todos os tempos.